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Aline Abreu. Tecnologia do Blogger.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Meu corpo, minhas regras.


Eu sei que falar de estupro e de direitos sobre o próprio corpo parece ultrapassado em 2012. Até por que isso não tem razão de ser. Mulheres podem andar livremente pelas ruas, com as roupas que bem entenderem(Sabe aquele vestido lindo, curtinho e justo?) e nada vai lhes acontecer, ela não irão ouvir grosserias, nem intimidações, não serão abordadas por ninguém e não serão estupradas. Mulheres podem também ir a uma festa e assim como os homens, podem beber e passar um pouco do limite que nenhum homem ou mulher irá se aproveitar da situação. Ninguém irá lhe passar a mão, tentar forçar a barra.
O que? Não é isso que acontece? As mulheres não podem sair com a roupa que quiserem? Mas isso aqui não é uma democracia, um estado laico onde todas as pessoas tem direitos IGUAIS? Achei que fosse, que decepção.
Isso quer dizer que quando eu sair vou ter que ver se a roupa não está provocativa demais, por que tem um monte de animal irracional que não consegue segurar o desejo e precisa sair espalhando a sementinha por ai? Achei que homens e mulheres fossem criados como seres racionais e educados de maneira a saberem que machucar alguém é errado, independente das escolhas dessa pessoa. Achei que os homens fossem ensinados que uma mulher que está bêbada não tem condições de decidir se quer transar com ele ou não.
Então o corpo é meu, mas eu não posso fazer as regras, por que elas só são válidas dentro de um determinados contexto? É isso mesmo?
Eu posso escolher não transar com um cara, se eu estiver lúcida e com roupas “comportadas”. Eu tenho direito de não ser estuprada, desde que eu seja comportada, não use roupas curtas, não beba, não ande sozinha na rua e fuja de todos os homens por que eles são potenciais estupradores?
Vejam bem, não sou eu que diz isso, não é o feminismo que diz isso, quem diz isso é uma cultura machista onde é normal uma mulher que não é “comportada” ser julgada e caso sofra alguma violência, ser culpada. Quem diz isso são as pessoas que impõe que determinada roupa chama a atenção, que c* de bêbado não tem dono, que é perigoso andar sozinha.
Uma coisa interessante me aconteceu no último dia do ano: Eu sai a pé para ir a casa de um amigo, por volta das duas horas da tarde, estava de vestido, na altura do joelho, um vestido preto e branco, de um ombro só. A casa desse meu amigo fica a uns 5 quarteirões da casa da minha mãe. Quando eu estava atravessando o segundo cruzamento, passaram dois rapazes de carro e buzinaram. Eu ignorei. Rio Claro, pra quem não conhece, é uma cidade construída em plano cartesiano, ruas e avenidas perpendiculares, quarteirões de 100 m e uma rua vai, a outra vem. Eu segui meu caminho e de repente, um carro para do meu lado,(é o carro que buzinou deu a volta no quarteirão), ai o rapaz me diz: meu amigo quer te conhecer, sem parar de andar, ergui a mão esquerda e mostrei minha aliança dourada e a atitude deles mudou totalmente: Desculpa ai, não quis faltar com respeito e foram embora. Eu descobri que um anel de ouro é muito poderoso.
Eles passaram a me respeitar, não por mim, mas pelo meu marido. Passaram a respeitar a ele, não a mim.
Em uma sociedade onde achamos que certos grupos recebem privilégios, como cotas e leis que apoiam, não conseguimos ver que além das leis é preciso mudar a mentalidade das pessoas. Mas olha, vou te contar, tá difícil.
 

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